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DESCONSTRUINDO O PRÓXIMO
DESCONSTRUINDO O PRÓXIMO * Adilson Luiz Outro dia, um comentarista de televisão, após ler um e-mail com críticas, passou a desqualificar duramente seu autor, não pelas opiniões expressadas, mas pelos erros ortográficos existentes, muito comuns na Internet e, infelizmente, cada vez mais fora dela. Será que faria o mesmo se a mensagem estivesse repleta de falhas, mas cheia de elogios? Expressar-se corretamente é necessário, sem dúvida, mas havia um agravante na postura do comentarista: ele tinha um veículo de comunicação a sua disposição! Por mais absurdos que fossem os argumentos ou intenções do espectador, outras soluções poderiam ter sido adotadas, em vez de ridicularizá-lo, no ar, pela falta de pontuação e letras maiúsculas. A desqualificação de argumentos vale quando envolve questões de mérito e o embate ocorre em igualdade de condições entre as partes, permeado por suporte científico e bom-senso. Esse não é o caso quando um indivíduo usa de sua erudição ou poder para intimidar ou ridicularizar pessoas cujas opiniões sejam divergentes, sem abordar propriamente o tema; nem quando um desembesta a gritar, com ou sem torcida, impedindo que o outro se expresse. Imaginem se a resposta de um, que se diz culto, ao questionamento de outro, de pouca instrução, fosse: ?Vá aprender a expressar-se direito, antes de falar comigo!?. A arrogância e o esnobismo às vezes disfarçam deficiências intelectuais, de caráter, ou segundas intenções! Infelizmente, essa forma de intimidação é muito comum nas relações humanas, sejam elas: familiares, religiosas, profissionais, políticas... Existem até cursos que ensinam ?técnicas? para explorar os aspectos psicológicos envolvidos. Como qualquer ?arma?, nas mãos erradas elas podem provocar sérios e duradouros danos. Nem sempre isso é simples, no entanto. Dependendo do interlocutor e do ambiente, uma discussão pode engendrar uma escalada assimétrica do tipo ?quem grita mais?, com final imprevisível. Qualquer que seja o tipo do ?Bateu? Levou??, ele pode ?fazer sucesso? com cabos eleitorais, fãs e parentes, mas só serve para demonstrar despreparo para o diálogo daqueles que sempre querem ter a ?última palavra?, mesmo quando estão errados. É certo que as relações humanas são complexas, os humores são variáveis. Também é verdade que alguns adoram fazer picuinha e semear o caos, por iniciativa própria ou sob encomenda. Mas, entre indivíduos civilizados, a argumentação ponderada e coerente sempre deve prevalecer. É assim que a civilização evolui! Se bem que uma ?explosão controlada?, na hora certa, às vezes é necessária. Além disso, é preciso ter consciência do poder que se tem à mão, para não utilizá-lo de forma indevida, injusta, tirânica. O ideal é que aprendamos a dosar a ?paciência de Jó? com a ?fúria de titãs?, e o amor próprio com o respeito ao próximo. * Adilson Luiz Gonçalves é Mestre em Educação. ...


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